segunda-feira, maio 28, 2012

Mulher no volante



Sucesso no Itamaraty
Rita de Araújo é quem guia o chanceler Antônio Patriota pelas ruas de Brasília
Rita do Socorro

Articulada, bem – humorada e vestida de maneira elegante, Rita do Socorro Matias, de 43 anos, passa despercebida como uma das muitas funcionárias do Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, em Brasília. Mas Rita Araújo tem uma função singular: ela é a motorista do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota. Ela é uma das sete mulheres entre os 75 motoristas do Itamaraty.
Rita é quem guia o carro do chanceler pelas ruas de Brasília, tentando escapar da tensão do trânsito sem burlar as leis. “Às vezes fico ao imaginar toda a responsabilidade que tenho, mas o chanceler me tranquiliza quando diz que confia em mim”, conta ela.
Trabalhando para o gabinete do chanceler desde 2004, Rita acabou designada para ser a motorista do ministro há seis meses. Desde então, relata que os olhares de curiosidade e até de desconfiança são constantes.

“Os olhares são mais intensos quando estaciono o carro ou quando tenho de fazer alguma manobra. Mas não me aperto com mecânica. Não me lembro de ter passado uma situação mais difícil por não entender de algo”, revela a motorista. “Acredito que haja mais curiosidade do que preconceito. Gosto do meu trabalho e me orgulho dele”.

Para quem a observa de maneira desconfiada, Rita mostra que aprendeu lições de diplomacia com o chefe: “A direção automobilística muda muito de pessoa para pessoa. Não creio que o sexo influencie nessa atividade. É um trabalho que requer muita concentração. As estatísticas mostram que as mulheres causam menos acidentes.”

Antítese Machista
Discreto, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, teve revelado o segredo que o seu carro é guiado por uma mulher há três semanas, durante uma audiência pública no Senado. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) parabenizou Patriota por “ter escolhido” Rita Araújo como sua motorista. Orgulhoso por ser a antítese do machista, o chanceler sorriu em sinal de aprovação.

Ao ser perguntado sobre o trabalho de Rita, Patriota é objetivo. ”Ela é uma profissional impecável”, diz. Determinado a eliminar qualquer tipo de preconceito na sua área inclusive o de gênero, o chanceler autorizou a contratação de motoristas do sexo feminino nas embaixadas do Brasil no exterior.

Em Brasília, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, também é guiado por uma mulher. Tovar não poupa elogios à sua motorista Valdeni Ferreira de Souza.

“Ela é excelente. Tem uma forma segura e rápida de dirigir. Impressionante os caminhos que ela conhece e que fazem a gente chegar logo aos lugares. É pontual, corretíssima e faz o ambiente ser sempre agradável”, diz Tovar. “Por outro lado, as mulheres conseguem ser mais delicadas ao dirigir e suaves no tratamento. Eu adoro”, orgulha-se.

Contrariando o senso comum, que domina parte do universo masculino, o porta-voz rebate as desconfianças sobre a habilidade de uma mulher ao volante. “Acho que faz toda diferença uma mulher motorista. Elas conseguem, por exemplo, manter a intimidade no limite, sem ultrapassar”, disse Tovar.

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