quinta-feira, março 08, 2012

Aos 45 anos e com sete filhos, ex-viciada tenta recobrar instinto maternal


Maria Lúcia comanda A Mulheres de Deus, em Ceilândia, uma das três únicas comunidades que atendem mulheres no DF (Daniel Ferreira/CB/D.A Press )É num barracão em obras no Gama que Maria* tenta refazer a sua vida. Tijolo a tijolo, reconstrói tudo o que o crack lhe tomou: a vontade, a dignidade e a família. Aos 45 anos, com sete filhos, foi há pouco tempo que ela passou a se reconhecer como mãe. Só depois de romper um longo relacionamento com a pedra o seu instinto maternal desabrochou.

Antes disso, Maria exercia o papel de mãe em raros momentos. Não foi quando usou drogas durante a gestação de todos os filhos, os quatro mais novos na fase em que estava escravizada pelo crack. Nem também ao fumar a pedra na sala de pré-parto de uma das crianças. Nessa época, só lhe ocorreu o instinto materno quando se negou a amamentar os bebês. Não quis passar pelo leite o que já lhes havia transmitido no sangue.

Ainda assim, a herança dessa mulher de pedra está nos frutos de seu ventre. O que a medicina avisa em teoria sobre os riscos do uso do crack durante a gravidez, Maria agora enxerga com o seu olho bom (a visão do esquerdo ficou comprometida pela droga). Os quatro meninos — uma escadinha entre 5 e 13 anos — são ansiosos, agitados e têm dificuldade de concentração. Iniciarão este mês um acompanhamento psicológico.
 
No Distrito Federal, existem apenas três comunidades terapêutica que acolhem mulheres viciadas.Nos últimos 16 anos, a pastora Lúcia, como é conhecida  entre as dependentes, já pegou nas mãos, beijou o rosto e se envolveu com as histórias de mais de 2 mil mulheres egressas das dorgas.Recebia  as viciadas quando ainda não se ouvia falar do crack.Hoje, mais da metade  de suas 24 internas fumava pedra. "Essa é a droga que transforma pessoas em animais", diz Lúcia, que tem como protocolo de tratamento chamar as internas de "meus bebês". "Elas  estão em um processo de reaprender a viver.Perderam noções de higiene, de afeto", diz Lúcia, que adota nove meses como prazo para dar alta às  suas meninas.
 
A Pastora já perdeu as conta  de quantas viciadas se recuperaram.A Luta para renascer exige obstinação e diciplina.Faz parte desse processo cuidar do proprio corpo, aprender um oficio, ter capricho com a casa.



 Fonte: Correio Web/Correio Brasiliense

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