segunda-feira, julho 08, 2013

Jovens negras são maioria entre as mulheres que não trabalham nem estudam



Uma pesquisa inédita, realizada pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), revela que mulheres pretas, pardas e indígenas são maioria entre os 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos que não trabalham nem estudam no Brasil: a chamada “geração nem nem”.
As mulheres somam cerca de 2,2 milhões, ou seja, 41,5% desse grupo. Do total de jovens brasileiros nessa faixa etária (27,3 milhões), as negras e indígenas representam 8%, enquanto as brancas, na mesma situação, representam 5% (1,3 milhão).

De acordo com o coordenador do estudo, o pesquisador Adalberto Cardoso, que fez o levantamento com base nos dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), várias razões explicam o abandono da educação formal e do mercado de trabalho por jovens, entre elas, o casamento e a necessidade de começar a trabalhar cedo para sustentar a família.

A gravidez precoce é o principal motivo do abandono, uma vez que mais da metade das jovens nessa situação tem filhos. Outro fator para o abandono da escola, segundo o pesquisador, é a falta de perspectiva de vida de jovens pretos, pardos e indígenas, maioria nas escolas públicas, em geral, de menor qualidade. Cerca de 70% dos jovens “nem nem” estão entre os 40% mais pobres do País.

Ele acredita que o estímulo à educação é fundamental para mudar essa realidade. “Uma coisa perversa no sistema educacional do Brasil é o fato de pessoas deixarem a escola porque não têm a perspectiva de chegar ao ensino superior. As ações afirmativas são importantes por isso. Têm o efeito de alimentar aspirações de pessoas que viam a universidade como uma barreira, mas que vão se sentir estimuladas a permanecer no ensino”, afirma.

De acordo com o levantamento, embora a taxa de jovens da “geração nem nem” no Brasil seja considerada alta (19,5% do total de pessoas de 18 a 25 anos), o índice não está distante do verificado em países com características demográficas semelhantes onde é comum que a mulher deixe de trabalhar e estudar para se casar. É o caso da Turquia e do México, segundo estudos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), citados pelo pesquisador da UERJ.

Fonte: Arca Universal

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