segunda-feira, maio 02, 2011

10 Perguntas para Leslie Martin

 
10 Perguntas para Leslie Martin - Segredos da vida longa

 

       Em 1921, um psicólogo norte-americano quis tentar entender os fatores que contribuem para o sucesso intelectual de uma pessoa. Ele recrutou 1,5 mil crianças e se dedicou a acompanhá-las nas décadas seguintes, coletando dados como quantidade de atividade física, amamentação, hábitos alimentares e satisfação no emprego, no casamento e na vida sexual.

Setenta anos depois, a psicóloga Leslie Martin, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, entrou no projeto decidida a entender por que algumas daquelas crianças morreram cedo enquanto outras se tornaram tataravôs. A pesquisa “O Projeto da Longevidade” virou livro, publicado em março nos Estados Unidos. Na conclusão, uma surpresa: a maioria dos conselhos de senso comum não funciona para quem deseja ter uma vida longa, que passe dos 90 anos. Na entrevista por e-mail, ela dá as principais dicas.

1 – O que é preciso para viver mais?
A mensagem principal do projeto é que não existe necessidade (ou benefícios) na maioria das ações que realizamos por obrigação. Algumas das coisas que achamos que vão nos ajudar a ter uma vida longa e saudável, na verdade, não levam a nada. Conselhos simplistas, que prometem ser eficientes para todos, como cortar toda a gordura da dieta, por exemplo, podem desviar a atenção das pessoas sobre outros elementos que são mais importantes, além de dar a elas uma falsa impressão de segurança.

2 – O que é mais importante então?
O que descobrimos é que padrões de vida saudável ​​são mais importantes. Fazer atividades que você ama é mais importante do que correr um determinado número de quilômetros por semana. Trabalhar duro em um emprego que se adora não é problema para quem deseja viver muitos anos. Manter contato com familiares e amigos também é essencial.

3 – Então, trabalhar muito não é ruim se for com uma atividade que gostamos?
Alguns dos participantes da pesquisa que viveram mais trabalharam muito duro em seus empregos, que por sinal, eram bastante estressantes. Isso não foi ruim para eles, que encontraram significado no trabalho. Essas pessoas frequentemente mantinham estreitas relações sociais com colegas de trabalho, o que também foi importante. A pessoa que gosta do emprego tende a experimentar o sucesso em suas ocupações, já que não se importa em trabalhar duro.

4 – Qual o papel do casamento?
Um casamento saudável e estável é muito bom, especialmente para os homens. O que apareceu como mais prejudicial na pesquisa foi o divórcio. Os efeitos negativos são especialmente dramáticos para eles. No entanto, eles podem diminuir substancialmente esse risco, casando-se novamente. Infelizmente essa solução não parece tão positiva para as mulheres. Para elas, não muda muito se ficam divorciadas ou se casam novamente.

5 – O divórcio tem influência também na vida dos filhos do casal?
O mais forte fator psicossocial da vida longa foi a experiência do divórcio dos pais. Muitos estudos têm mostrado que as crianças que enfrentam o divórcio dos pais têm maior tendência aos comportamentos de risco (abuso de drogas, por exemplo) e isto foi bastante consistente em nossa amostra. Também descobrimos que estas crianças eram mais propensas a se divorciarem no futuro. Mais um fator de risco.
6 – É verdade que nosso perfil é o mesmo desde crianças?
Na infância desenvolvemos muitos dos padrões que serão importantes para a nossa longevidade. Estes padrões incluem traços de personalidade e outros elementos de natureza psicossocial. Isso não significa que as pessoas não podem mudar. Algumas mudanças são relativamente fáceis, mas outras, como a alteração de personalidade, por exemplo, levam tempo e esforço. Este tipo de mudança só acontece de forma gradual.

7 – Quais mitos da longevidade o estudo derrubou?
Uma das coisas mais surpreendentes que descobrimos entre os participantes é que os que eram crianças mais alegres tiveram vidas mais curtas. Em média, eles viveram menos do que os que eram crianças menos brincalhonas. Passamos muito tempo tentando entender esse enigma. Parte da explicação está na falta de cuidados com a saúde dos mais alegres, que tendem a assumir mais riscos ao longo da vida.

8 – Quais são os comportamentos ou hábitos prejudiciais?
O maior fator de risco, em termos de hábitos de saúde, não foi uma surpresa: o tabagismo. Os que fumavam apresentaram risco de morte significativamente maior. Além disso, crianças mais sérias eram menos propensas a fumar e a beber quando adultos, enquanto crianças mais alegres tinham maior probabilidade. Além disso, elas também eram mais propensas a ter hobbies arriscados. Foi surpreendente ver como os traços de personalidade aos 10 anos de idade são capazes de predizer os comportamentos da saúde no futuro.

9 – Qual é a característica predominante na infância das pessoas que viveram mais tempo?
Capacidade de consciência foi o fator mais forte. As crianças conscientes não só cuidam melhor da saúde, como também tendem a se manter no trabalho e em uniões estáveis. No entanto, suas vidas não foram chatas. Responsabilidade, prudência e trabalho duro renderam a essas pessoas muitas oportunidades interessantes e emocionantes ao longo dos anos.

10 – E qual é a influência da fé na busca da longevidade?
A religiosidade está relacionada à vida mais longa, mas não por causa da religião em si. Descobrimos que a relação está nas conexões sociais que acompanham o envolvimento religioso. Aqueles que tiveram mais interações e conexões com outras pessoas tiveram mais probabilidade de viver por mais tempo. Quando essas interações estavam envolvidas no ato de ajudar outras pessoas, o benefício foi ainda maior. Isso acontece frequentemente em organizações religiosas – elas não apenas unem as pessoas, mas as aproximam a fim de ajudar uns aos outros.


Fonte: Folha Universal

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