terça-feira, janeiro 24, 2012

Entrevista com Vivian de Oliveira

A autora da minissérie Rei Davi fala sobre como escreveu a história biblíca




Vivian de Oliveira assina a adaptação da minissérie Rei Davi, que estreia no próximo dia 24, na TV Record. A autora sempre gostou de escrever e aos 15 anos já assinava uma coluna de crônicas no jornal dos pais, em Ponta Porã (MS). Formada em Publicidade, Vivian estreou na Record em 1997, com a novela Por Amor e Ódio. Colaborou em Estrela de Fogo (1998), em toda a trilogia de Caminhos do Coração (2007, 2008 e 2009) e escreveu a primeira minissérie bíblica da emissora, A História de Ester (2010). A autora afirma que, enquanto escrevia a minisserie Rei Davi, se apaixonou pelo personagem por ele ter se mostrado um guerreiro com tantas convicções e paixões. “Davi é intenso, sofre muito, ama muito, tudo em excesso, e convive com luzes e sombras, como cada um de nós. Sua fé inabalável em Deus também é algo surpreendente.”

Como é adaptar uma história bíblica?
Nas entrevistas, as pessoas sempre me perguntavam isso de forma pejorativa, mas a verdade é que a Bíblia tem grandes histórias e a do Rei Davi é sensacional, tem todos os elementos dramatúrgicos. Quando me chamaram para fazer a minissérie, eu sabia que ia ser difícil porque é uma história densa, que fala de conflitos. Eu me apaixonei pelo personagem, ele é muito polêmico. Agradeço à Maria Claudia Oliveira, Altenir Silva, Camilo Pellegrini e Emílio Boechat, que escreveram comigo essa minissérie, Carla Piske, que fez a pesquisa de texto, e Maurício Santos, que ajudou na consultoria.

É verdade que você se emocionou escrevendo a minissérie?
Sim, porque eu já era apaixonada por Davi desde o começo. Ele é como um anti-herói porque tem o lado humano. O que tentamos passar na história é que todo mundo tem seu lado bom e as suas falhas. Todos os personagens, mesmo os coadjuvantes, têm história própria. “Me emocionei muitas vezes escrevendo e soube depois que os atores também se emocionaram gravando as cenas. É uma história que fala muito da verdade humana, e o Edson Spinello (diretor-geral da minissérie) falava sempre: “Vai muito na podridão humana, nas paixões.” E essa história é cheia de conflitos.



O que mais te surpreende na vida e na personalidade de Davi?
Davi foi um ser humano cheio de qualidades e defeitos. Isso é o que mais me surpreende. Um homem digno, honrado, sensível, e, ao mesmo tempo, capaz de mentir e fazer as maiores atrocidades para conseguir o amor de sua vida. É um guerreiro destemido, nunca perdeu uma batalha, matou um gigante considerado invencível, mas em outro momento, fragilizado, se finge de louco com medo de ser morto pelos filisteus. Davi erra muitas vezes, mas sempre consegue se levantar porque é humilde, se arrepende sinceramente e tem muita vontade de acertar.

O que impulsionou a sua criatividade? O desafio de escrever uma história que se passou numa época com costumes e tradições completamente diferentes dos nossos, mas que mesmo assim tem todos os elementos que reconhecemos nos dias de hoje. As intrigas, as conspirações, os amores proibidos, a ambição, a luta pelo poder, a fé de um povo, o preconceito, a podridão humana, a redenção, o perdão, enfim, tudo isso está muito latente na história bíblica de Davi. É uma história apaixonante, trágica, cheia de conflitos e reviravoltas. Os personagens são ricos, fortes, marcantes e nos fazem refletir sobre o que somos capazes de fazer para atingir nossos objetivos.

Como inovar em uma passagem bíblica?
A minissérie não tem a intenção de inovar nesse sentido. Eu uso a história bíblica como referência e crio em cima das brechas. Apesar de ser uma adaptação, e mesmo considerando a liberdade poética, sou muito fiel à história original. Na Bíblia, por exemplo, alguns personagens são apenas citados. É o caso de Tirsa (Roberta Gualda). Em um versículo é dito que o menino Mefibosete (Vitor Hugo), filho de Jonatas (Claudio Fontana), ficou aleijado ao cair do colo de sua ama, que tentava fugir dos filisteus. Tirsa foi criada a partir daí. Na minissérie, Tirsa ganha uma vida, uma personalidade. Ela se torna prostituta, é enganada por Ziba (Thierry Figueira), se apaixona por Joabe (João Vitti) e assim por diante. Husai (Gabriel Gracindo) é outro exemplo. Ele é citado em um episódio importante. Ele vira espião do palácio para ajudar Davi (Leonardo Brício). Essa é sua única função na Bíblia. Na minissérie, além disso, ele se apaixona por Tamar (Julia Fajardo), filha de Davi. E vários outros conflitos foram criados por conta disso. E assim eu fui criando todos os personagens e tramas. Não inovei nas passagens bíblicas. Diria que eu me inspirei em cada uma delas.

Qual o maior desafio em contar uma história tão complexa como a de Davi?
Foi muito difícil realmente escolher o que deixar de fora. A história de Davi é tão extensa e intrigante, que a minha vontade era relatar tudo o que estava na Bíblia. Mas isso seria inviável. São muitas guerras, muitas esposas, muitas décadas de história. Mas o maior desafio mesmo foi mostrar porque ele é considerado “um homem segundo o coração de Deus”. Davi é citado na Bíblia como um exemplo. Para os cristãos e judeus, até hoje Davi é tido como um grande líder. Ele foi amado pelo seu povo. Foi um rei justo, mas ao mesmo tempo, fez coisas abomináveis. Em alguns momentos, o público vai odiar Davi. O desafio é justamente fazer o público amar este homem e torcer por ele, mesmo que tenha cometido erros terríveis. O que ele fez de bom também foi tremendo. Davi é assim: apaixonante e contraditório. Um guerreiro implacável e sanguinário com alma de poeta, que toca harpa e compõe os salmos mais lindos de adoração a Deus, como o 23, o 51 e tantos outros. Quem não conhece e não se emociona com a verdade e o amor que existem nesses salmos? É por isso que Davi é tão humano. Ele é sincero e está sempre pronto para começar de novo.

Qual o seu “toque pessoal”?
Nas minhas histórias acontecem muitos eventos o tempo todo. Gosto de tramas cheias de reviravoltas e surpresas. E mesmo sendo uma história de época, tentei fazer com que ela fosse contada de uma forma moderna, ágil e numa linguagem bem coloquial, como se passasse nos dias de hoje. Gosto também de valorizar as tramas paralelas e de mostrar o lado ambíguo de cada personagem. Ninguém é bom o tempo todo. E mesmo os vilões têm seus momentos de fraquezas. Por tudo isso, escrever “Rei Davi” foi um presente.

Fonte: Portal Arca Universal

Pela apresentação dos primeiros, as imagens, a história, a maneira como a autora abordou a rejeição de Davi por parte de seu pai Jessé. Eu só tenho uma coisa a dizer Vivian de Oliveira tem um olhar diferenciado.

Ricardo Quirino




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